No Protestantismo Histórico vários homens de Deus valorizaram mulheres de Deus numa época em que a maioria dos homens defendiam e / ou defendem que, na igreja: • as mulheres se reúnem para oração; • praticam a beneficência; • estudam; • promovem reuniões de evangelização; • promovem estudo bíblico nas casas; • cuidam das crianças e das moças, para as quais também foram criadas sociedades; • eventualmente pregam; • se dedicam a outras atividades, em geral, com grande dedicação. (19) A biografia de um desses homens está registrada no sítio da Câmara dos Deputados http://www2.camara.gov.br que relata a história de um homem, Pastor Alberico Antunes de Oliveira, que foi Professor, Jornalista, Advogado, Teólogo, Filósofo e Pastor, no entanto, não impediu sua esposa, Betty Antunes de Oliveira, de exercer o seu ministério e de se posicionar como uma mulher de luta pelo reconhecimento da mulher na Convenção Batista Brasileira. O sítio da 1ª Igreja Batista do Rio de Janeiro http://www.pibrj.org.br registra que Betty Antunes de Oliveira nasceu em 13/05/1919 e em 14/01/1938, na cidade do Rio de Janeiro, casou-se com o Pr. Alberico Antunes de Oliveira, tendo ido então para Manaus, onde seu esposo iria assumir o pastorado da Igreja Batista Local. Betty Antunes de Oliveira passou 50 anos de sua vida no Amazonas atuando na igreja como: • pianista das músicas congregacionais; • organista de quartetos de crianças, adolescentes e jovens; • maestrina de corais femininos e masculinos; • professora de música congregacional nas diversas organizações de Igrejas Batistas e no Conjunto de Igrejas Batistas. Ainda nesses 50 anos, Betty Antunes de Oliveira esteve também atuando na igreja como: • pastora, de meninas e meninos de rua, num bairro pobre da cidade de Manaus, onde, como fruto de seu trabalho evangelístico feito através de cânticos, fora organizada a Igreja Batista de Constantinópolis; • pesquisadora, estudando sobre os primeiros norte-americanos que chegaram ao Brasil no século XIX; • historiadora, concluindo que seus ascendentes norte-americanos haviam organizado, em 1871, a Primeira Igreja Batista do Brasil; • escritora, redigindo o livro “Centelha em Restolho Seco”, uma contribuição para a História dos Primórdios do Trabalho Batista no Brasil; • jornalista, escrevendo a biografia de Antônio Teixeira de Albuquerque, o Primeiro Pastor Batista Brasileiro (1880). Apesar de todo preparo no mundo espiritual e no mundo natural, Betty Antunes de Oliveira, durante todo este período, não teve o reconhecimento da Convenção Batista Brasileira com respeito ao trabalho realizado. O Professor Doutor Alberto Kenji Yamabuchi, da Universidade Metodista de São Paulo analisou o debate sobre as origens do trabalho batista brasileiro, que ocupou o cenário político da Convenção Batista Brasileira entre os anos 1960-1980 e foi protagonizado por duas figuras com representações sociais distintas: de um lado, o Pastor José dos Reis Pereira, Presidente da Convenção Batista Brasileira e do outro, a Professora Betty Antunes de Oliveira, esposa do Pastor Alberico Antunes de Oliveira. A tese do Pastor José dos Reis Pereira era a de que o ano de início do trabalho batista brasileiro era 1882, na cidade de Salvador, BA (19) e a tese da Pesquisadora Betty Antunes de Oliveira era de que os primórdios do trabalho batista no Brasil aconteceu no ano de 1871, na cidade de Santa Bárbara, SP,(18)através da apresentação e da interpretação das fontes e dos documentos históricos levantados pelos dois lados. Segundo o docente, o processo do debate aconteceu da seguinte forma: 1. Em 1960, o Pastor José dos Reis Pereira declarou publicamente, através de O Jornal Batista, que 1982 seria o ano comemorativo do centenário dos batistas brasileiros. 2. Em 1966, a Historiadora Betty Antunes de Oliveira publicou a sua descoberta, através de O Jornal Batista e, portanto, o centenário dos batistas brasileiros deveria ser celebrado em 1971. 3. Em 1969, a Convenção Batista Brasileira decidiu em Assembléia Geral Ordinária pela tese do Pastor José dos Reis Pereira, que foi, a partir daquele ano, considerada a narrativa histórica oficial do início do trabalho dos batistas brasileiros. 4. Em 1982, o centenário dos batistas foi celebrado e, apoiado e patrocinado pela Convenção Batista Brasileira, o Pastor José dos Reis Pereira publicou o seu livro “História dos Batistas no Brasil”, que se constituiu a obra historiográfica oficial do centenário da denominação. 5. Em 1985, a Escritora Betty Antunes de Oliveira, precisou usar recursos próprios e contar com a ajuda de terceiros, inclusive pertencentes a outras tradições de fé, para publicar a sua obra, “Centelha em Restolho Seco”, uma contribuição para a História dos Primórdios do Trabalho Batista no Brasil. 6. Em 2009, a Convenção Batista Brasileira, em Assembléia Geral Ordinária, presidida por uma mulher, a Vice-Presidenta Nancy Gonçalves Dusilek, resolveu repensar a decisão de 1969 e substituiu a tese do Pastor José dos Reis Pereira pela da Jornalista Betty Antunes de Oliveira. O Pastor Alberico Antunes de Oliveira poderia ... • ter mantido Betty Antunes de Oliveira atuando somente como esposa de pastor: aparecendo ao lado dele em cultos, recepções, reuniões, assembléias, etc.; • ter permitido que Betty Antunes de Oliveira se limitasse a administrar o lar sozinha: lavando, passando, cozinhando, arrumando, fazendo tricô, crochê, bordado, costura, cuidando do marido, das filhas, dos filhos, etc.; • ter limitado a atuação de Betty Antunes de Oliveira na igreja como pianista, organista, maestrina e professora de música. No entanto, Alberico Antunes de Oliveira, o marido de Betty Antunes de Oliveira, demonstrou ser um homem de Deus ao enxergá-la como uma mulher capaz de: • pastorear crianças, adolescentes, jovens, mulheres e homens como ministra de música, ministra do Evangelho, etc.; • estudar a origem da denominação que escolheu para servir a Deus; • questionar a tese defendida pelo Presidente da Convenção Batista Brasileira; • publicar um livro em defesa de sua tese, mesmo não contando com o apoio e o patrocínio da Convenção Batista Brasileira; • redigir a biografia do Primeiro Pastor Batista Brasileiro; • resistir na luta pelo reconhecimento de sua tese por 43 (quarenta e três) anos.